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30 de janeiro de 2020

Ambientalismo e catástrofe


Luis Milman (12/2009). Artigo do blog http://luismilman.blogspot.com/

O atual quase-consenso em torno do progressivo aquecimento global é bem mais ideológico do que científico. O ambientalismo, que irrompe, ao lado da contracultura, na década de 60 do século passado, é uma das maiores ideologias surgidas no século XX, juntamente com o nazismo e o fascismo. Elementos cruciais da doutrina ambientalista faziam parte da prática e, sobretudo, da utopia hitlerista. Hitler abominava o fumo e o álcool e sonhava com um mundo no qual só fossem ingeridos vegetais (para mais detalhes, ver Robert N. Proctor, Racial Hygiene: Medicine Under the Nazis, Harvard University, 1988. O comunismo, que persiste ainda hoje como prática e ideia, foi gestado no século XIX. Estou certo de que o afastamento do bom senso, virtude da inteligência apregoada tanto por Aristóteles (na Ética a Nicômaco), como por Descartes (Discurso do Método) e Hannah Arendt (Sobre a Violência), torna-se perceptível nas avaliações que governos, multimilionários, ONGs, mídia, oportunistas, socialistas e parte razoável da comunidade científica fazem das causas antropogênicas do aquecimento planetário. Afirmo isto em vista de alguns truísmos que só não saltam aos olhos de quem está contaminado por uma modalidade de interpretação delirante do assunto. Essa noção, a de interpretação delirante, formulada pelo psiquiatras clínicos Paul Sérieux e J. Capgras, no livro Les Folies Raisonnantes: Le Délire d'interprétation (Paris, 1909) soma-se a outras, como a de Paul Ricoeur, acerca do "esgotamento do 'sonho tecnológico' e do renascimento daquilo que Alfred Sauvy chama de 'o mito do simples'"(Coût et valeur de la vie humaine – Paris : Hermann, 1977). Sauvy foi um destacado demógrafo e sociólogo francês, falecido em 1990, que cunhou o termo "Terceiro Mundo". Para ele, a civilização ocidental talvez esteja no final de um sonho de dominação da natureza, duplicado por um sonho de renascimento quantitativo ilimitado de gozos. Cito Ricoeur:

"A este respeito, é interessante notar como a crítica do sistema, sobretudo entre os esquerdistas americanos, ataca diretamente esse aspecto de nossa situação. Ao eliminarem, talvez erradamente, a crítica propriamente econômica e social dessa sociedade, eles atacam diretamente esse aspecto de esgotamento do sonho de dominação. E se atacam o lucro, é menos como a tara do sistema econômico do que como sintoma de uma doença mais profundamente enraizada que o próprio capitalismo, e que atinge o conjunto dos comportamentos coletivos e individuais em relação aos homens e até mesmo a natureza. ... O sucesso fulminante das campanhas contra a poluição e os impasses para a ecologia são outros tantos indícios. Baseados nessa crítica, vemos renascerem temas românticos que, no século passado, na época da industrialização nascente, passavam por reacionários. ... De tudo isto se alimenta o 'mito do simples'. ... a tentação de se reconstruir, ao lado da sociedade global, por demais complexa, uma sociedade neo-arcaica, artesanal e agreste, fracamente institucionalizada ou pelo menos instituída no nível de uma economia de subsistência e de troca" (Paul Ricoeur, Interpretação e Ideologias, Francisco Alves, 1983, p. 153).

Podemos associar à utopia da sanitarização e da autossustentabilidade, sedimentada na cultura ao longo de 50 anos, em muito por força da desilusão e das catástrofes provocadas pelo fascismo e pelo comunismo, o mecanismo psíquico que afasta o discernimento da compreensão da realidade. Sérieux e Capgras caracterizaram o delírio de interpretação como uma psicose não-demencial, na qual alucinações não desempenham papel nenhum. "A interpretação delirante é um raciocínio falso, que parte de uma sensação real, mesmo de um fato exato, o qual, em virtude de associações de ideias ligadas às tendências, à afetividade, assume, com a ajuda de induções e deduções erradas, uma significação pessoal para o doente... A interpretação delirante distingue-se da alucinação e da ilusão, que são perturbações sensoriais. Difere também da ideia delirante, concepção imaginária, inventada ponto por ponto, não deduzida de um fato observado. Difere ainda da mera interpretação falsa, isto é, do erro vulgar, porque o erro é, no mais das vezes, retificável, ao passo que a interpretação delirante é incorrigível. Além disso, o erro permanece isolado, circunscrito; já a interpretação delirante tende à difusão, à irradiação, ela se associa a ideias análogas e se organiza em sistema" (Sérieux e Capgras, ibid).

O ambientalismo estrutura-se em torno do mito do simples e de uma interpretação, ao nível psicológico, delirantemente sistêmica. Ele pode partir, como o faz, de fatos, como a poluição e seus efeitos nocivos ou da devastação das florestas, mas sua construção como doutrina excede em muito a mera fatualidade. No caso dos ideólogos do aquecimento, ela agiganta-se de tal modo que se transforma em alarmismo global. É comum, na hipótese antropogênica das causas do aquecimento, que nos deparemos cotidianamente com sandices acerca do perigo ao ambiente provocado pela emissão de gás metano por parte do estrume e arroto de bovinos e porcos. Ideias como esta propagam-se pela mídia quase sem contestação, condicionadas por uma nova obsessão, segundo a qual o consumo de proteína animal, além dos riscos que acarreta à saúde (outra mistificação cientificista), torna maléfica a própria produção de carne. É fácil derivar daí a conclusão de que devemos substituir, ainda que gradativa, mas progressivamente, a extensão do rebanho mundial pelo incremento do cultivo de leguminosas e frutos, alimentos que podem ser produzidos em escala econômica familiar. Basta investir na mudança de uma maligna mentalidade carnívora, para outra, benigna e orgânica, vegetariana.

Obviamente não se esgotam aí os argumentos aquecimentistas. O maior vilão é a emissão de dióxido de carbono (CO2), cujos índices progressivos, nos últimos 150 anos (desde a 1ª Revolução Industrial), seriam responsáveis pelo efeito estufa, ou seja, pela retenção de calor na atmosfera. Quanto ao ponto, o meteorologista da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Molion (que é renomado), reafirma uma trivilialidade, em entrevista concedida ao Portal UOL, em 13 de dezembro de 2009: "o CO2 é colocado pela mídia como vilão, como um poluente, e não é. Ele é o gás da vida. Está provado que quando você dobra o CO2, a produção das plantas aumenta. Eu concordo que combustíveis fósseis sejam poluentes. Mas não por conta do CO2, e sim por causa dos outros constituintes, como o enxofre, por exemplo. Quando liberado, ele se combina com a umidade do ar e se transforma em gotícula de ácido sulfúrico e as pessoas inalam isso. Aí vêm os problemas pulmonares".

Aprendemos que o CO2 não é nocivo no colégio, que ele faz parte do ciclo vital, mas parece que todos querem esquecer que frequentaram a escola, seguindo assim as pegadas deixadas por Al Gore. Na contramão, Sherwood Idso, juntamente com outros estudiosos do Centro de Estudos do Dióxido de Carbono e Mudança Global (EUA), concluiu recentemente pesquisas nas quais confirmou os efeitos positivos da emissão de CO2 para a biosfera. Segundo ele, o CO2 é claramente não-poluidor. "O dióxido de carbono é verdadeiramente o sopro da vida para todas as plantas do planeta e para os animais, que delas dependem para sua existência. Dizer o contrário é uma completa desvalorização da realidade" (ver exposição de Idso em http://www.co2science.org/).

A quase totalidade dos ambientalistas (para não dizer a totalidade, por falta de elemento quantificador) é materialista e o materialismo é a ideologia mais recorrente na civilização ocidental desde o século XIX. Suas formas histórico-políticas mais conhecidas são o socialismo e o fascismo. Os dois partiam da idéia de que o indivíduo não pode ser visto como um fim em si mesmo. Sua existência adquiria sentido na medida em que fizesse parte de um todo experienciável. Os dois pretendiam-se sociologicamente científicos. No caso do socialismo, o todo era a classe operária; no caso do fascismo, a nação. Vencido pelo teste da realidade, o materialismo socialista e fascista não mais coloca em movimento esperanças utópicas, mas dele restou o cientificismo, ou seja, a crença segundo a qual o homem evolui apenas na investigação (desta vez) da natureza e na compreensão de suas leis. Os ambientalistas não querem mais descobrir ou seguir as leis da sociedade. Suas crenças estão alegadamente fundamentadas na ciência natural e sua existência, como movimento, está justificada pela integração em uma totalidade orgânica, a natureza. Defendê-la é defender a claridade científica, que nos coloca diante dos impasses que criamos, enquanto seres consumistas, mesquinhos, sórdidos e gananciosos. Tais defeitos configuram mais uma das perversas faces lilithianas de nós mesmos, aquela que nos expõe como autofágicos e devoradores de nosso ambiente natural, pois não é apenas a sociedade humana que corre risco de ser extinta, mas o planeta que nos dá abrigo, por meio da ação do homem insensato.

Dados empíricos sobre o clima parecem dar respaldo à profecia auto-realizável. Calotas polares derretem a olhos vistos, o nível dos oceanos aumenta, selando o destino de países ilhéus, a temperatura do planeta avança gradativamente, o desmatamento intensivo contribui para o efeito estufa, assim como a emissão de gases poluentes, como o metano e o CO2. A indústria, outrora vista como a redentora da humanidade, agora aparece como sendo seu maior algoz. A queima de combustíveis fósseis, como carvão e, principalmente, petróleo, a existência de uma frota gigantesca de veículos movidos à gasolina, tudo isto, enfim, tende a nos aproximar do Apocalipse. É preciso interromper o ciclo da perversidade imposto pelo homem à Terra, nos últimos 150 anos, adotando medidas eficazes de sustentabilidade econômica sem poluição.

A atração deste wishfullthinking parece irresistível. Estaríamos todos irmanados numa mesma causa, acima de classes e nações, para a preservação de nosso bem maior, a própria Humanidade e a Mãe Terra. Os jovens idealistas que, em suas manifestações mais violentas, enfrentam o aparato repressor de vários países, com seus cartazes com dizeres como "stop the polution", representam, finalmente, a universalidade do humanismo represado por séculos de promiscuidade capitalista. Mesmo a indiferença dos multibilionários foi sobrepujada. Hoje, todos querem ser ecologicamente corretos e se engajam em campanhas para despoluir o ar, os mares, os rios, enfim, preservar a natureza. "Saúde para o corpo e para o ambiente" é a palavra de ordem do homem contemporâneo.

Os argumentos em favor da antropogênese são esparramados diariamente pela mídia. De que vale, diante deste consenso, ao qual se integram também governos "conscientes" do 1º Mundo e estados "espoliados pelo imperialismo", o apelo ao bom senso? O elemento central do ambientalismo é mítico e sua razoabilidade não deriva do árduo debate científico sobre mudanças climáticas, mas de uma para-ciência militante e organizada, cujo aporte evidencial é, no mínimo, questionável. Desta para-ciência, que subvenciona doutrinariamente a utopia verde, é que são extraídos os dados climatológicos catastróficos, cuja repercussão midiática atemoriza o homem comum. É impositivo, assim - e mesmo em não sendo especialista na matéria - rebater argumentos flagrantemente infundados, com base no uso da lógica e em alguns dados disponibilizados pelo debate científico.

A primeira refutação da hipótese antropogênica, a que salta aos olhos, é a de que 150 anos de emissão de gases pela indústria não podem, de forma alguma, influenciar nas variações climáticas do planeta. Ou, de modo mais brando, se o fizerem, a incidência desta variável no clima é desprezível. Para tanto, basta dar-se conta de que a Terra, em sua existência contada numa escala de bilhões de anos, experimentou inúmeras variações de clima, ao longo de milhões, milênios, centenas e dezenas de anos, sem qualquer interferência humana. Para estas alternâncias, são decisivos outros fatores, como a atividade vulcânica, a temperatura dos oceanos e, principalmente a emissão de radiação solar. "O Sol controla o clima!", afirma o meteorologista Luiz Carlos Molion. "Ele é a fonte principal de energia para todo sistema climático. E há um período de 90 anos, aproximadamente, em que ele passa de atividade máxima para mínima. Registros de atividade solar, da época de Galileu, mostram que, por exemplo, o sol esteve em baixa atividade em 1820, no final do século 19 e no inicio do século 20. Agora o sol deve repetir esse pico, passando os próximos 22, 24 anos, com baixa atividade".

Ao contrário do que propagam os antropogenistas, há indicativos fortes de a temperatura da Terra venha a diminuir nos próximos 30 anos, devido à redução dos níveis da radiação solar e, outro fator decisivo, à temperatura dos oceanos e à grande quantidade de calor armazenada neles. Em sua entrevista, Molion explica: "existem boias que têm a capacidade de mergulhar até 2.000 metros de profundidade e se deslocar com as correntes. Elas vão registrando temperatura, salinidade, e fazem uma amostragem. Essas boias indicam que os oceanos estão perdendo calor. Como eles constituem 71% da superfície terrestre, claro que têm um papel importante no clima da Terra. O [oceano] Pacífico representa 35% da superfície, e ele tem dado mostras de que está se resfriando desde 1999, 2000. Da última vez que ele ficou frio na região tropical foi entre 1947 e 1976. Portanto, permaneceu 30 anos resfriado. Naquela época houve redução de temperatura, e houve a coincidência da segunda Guerra Mundial, quando a globalização começou pra valer. Para produzir, os países tinham que consumir mais petróleo e carvão, e as emissões de carbono se intensificaram. Mas durante 30 anos houve resfriamento e se falava até em uma nova era glacial. Depois, por coincidência, na metade de 1976 o oceano ficou quente e houve um aquecimento da temperatura global. Surgiram então umas pessoas - algumas das que falavam da nova era glacial - que disseram que estava ocorrendo um aquecimento e que o homem era responsável por isso".

É verdade que a curva da temperatura planetária elevou-se por quase 30 anos, numa média de 0,7 graus Celsius, entre os anos 70 até o final dos anos 90. Mas, segundo o meteorologista Mojib Latif, do Instituto Leibniz de Ciências Marítimas (Kiel, Alemanha), o aquecimento parou. "A curva da temperatura atingiu seu ápice. Não pode haver argumento contra este fato. Nós devemos encará-lo" (Der Spiegel on line, 19/11/2009).

Podem retrucar as afirmações de cientistas como Latif e Molion (há outros como eles, mas meu artigo é apenas ilustrativo do contraditório ao aquecimentismo), com a alegação de que, para cada climatologista crítico da antropogênese, há talvez, dezenas de defensores das teses de Al Gore, espalhados pelo mundo. Nestes termos, o problema torna-se mais grave ainda, porque foge ao âmbito da ciência e penetra no domínio da teoria conspiratória. Seriam aqueles contrários à tese do aquecimento financiados pelos insondáveis interesses de corporações poluidoras? Estariam eles a serviço de Tio Sam e de sua maquinaria que provoca o efeito estufa? Estariam os serviços de inteligência da China por trás da propaganda anti-antropogênica? No campo da lucidez, nada disso é crível, mas muitas vezes o que não é crível em termos lúcidos, torna-se militante em termos ideológicos. E cabe ainda acentuar a descoberta da manipulação de dados denunciada, às vésperas da Conferência do Clima de Copenhage, por hackers, que invadiram os computadores do Instituto East Anglia, na Inglaterra, braço do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática. Os hackers divulgaram mais de mil e-mails trocados entre pesquisadores do Instituto, nos quais eram aferidos dados que indicavam o resfriamento, ou pelo menos o não-aquecimento planetário nos últimos dez anos. Tais dados foram adulterados para "confirmar" a tese do aquecimento. Molion lembra ainda: "os fluxos naturais dos oceanos, pólos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões?Não vai mudar absolutamente nada no clima".

Quanto às geleiras e à elevação dos níveis dos oceanos, há, no mínimo, uma controvérsia aguda entre os climatologistas independentes. Entre eles, o assunto não é discutido em termos de ação humana. Alguns afirmam que as geleiras não estão derretendo, mas sim o gelo flutuante, e que o avanço ou recuo dos mares não tem qualquer relação com a temperatura global. Outros dizem que é preciso considerar as diferenças entre as regiões do planeta, que são, do ponto de vista climático, consideráveis. Enquanto no Ártico as temperaturas aumentaram, segundo as medições das últimas décadas, em quase três graus Celsius, causando derretimento de gelo no oceano, as temperaturas caíram em largas áreas da América do Norte, do Pacífico Ocidental e da Península Arábica. Já a Europa permanece num território levemente aquecido (Der Spiegel on line, 19/11/2009).

Basta com o debate sobre dados. Deixo a questão propriamente científica sobre o clima e as causas complexas de suas alterações para os especialistas. Retorno ao ponto que me importa, que é a ideologia materialista e cientificista representada pelo ambientalismo. Esta ideologia é tão política como o liberalismo, o socialismo e o fascismo. Exceção feita ao liberalismo e também ao pensamento social-democrata que se afastou do marxismo, os demais "ismos" são esquematicamente inflexíveis e oferecem um consolo de tipo totalitário aos indivíduos. Somos alguém apenas na medida em que pertencemos a um todo homogêneo, que possui uma função na transformação da sociedade. No caso do ambientalismo, o todo social foi substituído pelo todo natural, o homem foi devolvido ao seu estado de natureza, não a de Hobbes, mas a de Rousseau. O apelo à ciência apresenta-se como a ultima ratio desta retroação, que submete a individualidade ao peso da salvação planetária. Como não cai mais bem, na sociedade que se vê como ilustrada, o conforto para a finitude oferecido pela religião revelada- isto ocorre desde Spinoza e sua teologia natural (a dos deístas), até os marxistas e existencialistas a la Heidegger - resta entregar-se ao ativismo que não vê horizonte além do si mesmo coletivizado. O ambientalismo e seu alarme antropogênico são modulações da mesma concepção materialista da história e da natureza, que invadiu a mente humana ocidental desde o século XVII. Após o colapso das ideologias e práticas totalitárias que o precederam, ele agora soa bem inclusive para plutocratas e governos de países desenvolvidos, porque acena com uma nova proposta de redenção, que é conveniente a todos, pois muda na aparência o que na essência permanece o mesmo. A necessidade da produção de mais energia para atender as atuais e futuras demandas determinadas pelo crescimento demográfico é inconteste e se torna simplório mencionar alternativas que investem contra a produção em escala de alimentos, a diminuição dos ruminantes ou contra a simples redução de emissão de CO2 na atmosfera. Não é plausível conciliar as necessitades ínsitas ao crescimento econômico com as plataformas pueris da apologética ambientalista, como não havia - isto está demonstrado- compatibilidade da liberdade de iniciativa com os regimes fascista e socialista que, por doutrina, enclausuraram-se no militarismo expansionista e descambaram para o terror interno. Mas as grandes corporações transnacionais e os governos do mundo industrializado e em franca aceleração de crescimento, como a China, já se deram conta que elementos ambientalistas podem servir de componentes para moldar um discurso mais simpático para o tratamento dos reais problemas ambientais, que ninguém, em sã consciência, desconhece e que podem ser solucionados, com engenhosidade, em especial nas democracias. O problema do lixo, por exemplo, é um deles e é grave. Os outros são o persistente lançamento de produtos tóxicos da indústria em rios e o desmatamento florestal. Entretanto, o fundamento da ideologia ambientalista cada vez mais de massa, como seu slogan verde adotado também por seus financiadores multibilionários, não é a ciência, mas o cientificismo. E o bom senso, que pode desfazer sua coerência interna, passa a ser seu maior inimigo.